sábado, 7 de fevereiro de 2009

Como se cria a arte?



"Uma arte cria contra o espontâneo. O processo é o fim.

Nada de seguir a natureza. Nada de seguir o sentimento. O sol e a chuva, o vento e a neve, os campos e as árvores - percepções que o pintor reflecte na penumbra provisória da tela, imagens saturadas de ausência, linhas fronteiras de uma grande obscuridade. A reflexão é inimiga da cor. Ela luta com o aspecto de constante mobilidade do mar, com os azuis ultramar, cobalto, turquesa, com a forma viva da impressão, com a atmosfera marinha de um violeta. Apenas a emoção fugidia, o amor da alusão, conformam a procura de uma beleza meteorológica.

Escrevi sobre a luz branca e musical da solidão. Tudo se resolve em vibrações sugeridas. O poema modela as sensações perspectivas da cor. A sombra difunde uma harmonia plural. O horizonte abre caminho à persistência poente do sol. A metáfora é um instante raro em que a memória impõe. Esboços. Jardins sobre a chuva. Diálogos do vento e do mar. A degradação das tintas e dos sons. Tudo é reflexo, motivo, mudança... a sensibilidade ordena o génio. A luz é lógica. Os planos graduam o erro. A imaginação limita. A natureza é uma forma sensível.

A morte é uma grande superfície..

Há neste poema uma exigência de excesso. A inspiração é uma árvore divina. o medo é uma paisagem ambígua. Recuso o exercício da duração.

Eis a idade discordante da alma... uma luz humana, música, choro transitivo.
"

Nuno Júdice

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Como nasce a arte?

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