sábado, 24 de novembro de 2007

o anjo


O anjo que em meu redor passa e me espia
E cruel me combate, nesse dia
Veio sentar-se ao lado do meu leito
E embalou-se, cantando, no meu peito.

Ele que indeferente olha e me escuta
Sofrer, ou que, feroz comigo luta,
Ele que me entregara à solidão,
Poisava a sua mão na minha mão.

E foi como se tudo se extinguisse,
como se o mundo inteiro se calasse,
E o meu ser liberto enfim florisse,
E um perfeito silêncio me embalasse.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Um comentário:

Anônimo disse...

Queria uma só palavra
todas as que conhecia
traziam duplicidade a mais
por isso com esta fiquei,
carne, uma só